"OURO PARA O BEM DO BRASIL"


Consta que, logo após o Golpe Militar de 1964, circulou em Rio Preto um certificado impresso com os dizeres:

"Salve 1964! Eu ajudei minha Pátria
Fulano (era preenchido o nome do desprendido patriota) participou da Campanha 'Ouro Para o Bem do Brasil'

Assinavam o certificado:
Dr. Aristides Lopes (pelo Rotary)
Dr. Alfredo Migliori (pela Comisssão)
Eládio Arroyo Martins (pelo Lions Club)

Colaboração da Rádio Independência e Irmãos Giovinazzo" (In. NETO, A. C. Rio Preto - Na Rota dos Asteróides. 2000, p.130).

Como se sabe, a Campanha 'Ouro Para o Bem do Brasil' fez parte da estratégia inicial do regime - e de seus apoiadores - na tentativa de literalmente fundir as fissuras remanescentes na sociedade, após o Golpe, soldando assim uma nova "unidade nacional". Dizia-se publicamente tratar-se de uma campanha para aumentar o "lastro" do país, isto é, suas reservas de ouro, e com isso robustecer a economia brasileira - o primerio passo para o desenvolvimento.

Na verdade, tal Campanha teve uma importância apenas simbólica; bem diferente de sua homônima inspiradora, realizada pelos paulistas em 1932 e que realmente procurou angariar fundos e reunir esforços em vários pontos do Estado de São Paulo.

Contudo, o impresso de 1964 tem lá sua importância: deixa claro de que lado estavam algumas instituições e personagens hoje supostamente tomadas como democráticas. Pior: instituições responsáveis atualmente pelo engajamento de grupos sociais que não se restingem às elites.

Daí a pergunta: Rotary, Lions... "Para o Bem do Brasil", de Rio Preto, enfim, da Democracia?