O SUCESSOR E AS OPOSIÇÕES

No último final de semana, o PT de Rio Preto promoveu a "etapa local do 3º Congresso Nacional do partido que será realizado no segundo semestre".
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O encontro contou com as participações do presidente da Câmara Federal, o deputado petista Arlindo Chinaglia, e do ex-prefeito Manoel Antunes, pré-candidato do PSB à prefeitura no ano que vem.
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Nas palavras do Diário, a "discussão sobre a sucessão municipal... roubou a cena no evento". Para o Bom Dia, o encontro serviu para que os "integrantes do PT e o ex-prefeito Manoel Antunes (PSB) reforça[ssem]m a possibilidade de aliança. A meta é impedir que Edinho eleja o sucessor". Em ambos os jornais, nenhuma linha sobre o 3° Congresso do Partido dos Trabalhadores...
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Pois bem, se é o calendário eleitoral o que realmente importa, então, vamos logo a ele, sem máscaras ou delongas.
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Até o momento, os fatos apontam para dois cenários distintos e excludentes: dispersão versus polarização. E tudo depende de Edinho.
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Isto porque, após 2 mandatos, o prefeito Edinho Araújo (PPS) também se movimenta em duas direções, postergando ao máximo a solução do seu dilema: eleger ou não o sucessor. Tanto é assim que Edinho "já afirmou que seu escolhido será eleito, mas não diz quem é", como lembra o Bom Dia.
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Edinho sabe das benesses adquiridas ao fazer o sucessor, dentre as quais, a garantia de ver intocadas algumas das caixas-pretas amontoadas ao longo de oito anos. Contudo, o hábil alcaíde teme que "seu" sucessor conquiste vida própria e lhe roube a cena, impedindo um eventual retorno à prefeitura.
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Por isso, a opção de Edinho em eleger o próximo prefeito de Rio Preto certamente estará ancorada na certeza - sempre relativa em se tratando de política e de políticos - de não mais "precisar" ocupar a principal cadeira do 4° andar. Caso contrário, prevalecerá mesmo o "quanto pior, melhor".
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Até aqui, tudo indica que Edinho terá êxito. A aliança recente com o deputado tucano Vaz de Lima, ex-arqui-rival e atual presidente da Assembléia Legislativa, o colocou na ante-sala do núcleo político que governa o estado de São Paulo.
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Já a sua relação com o ex- presidente da AL, deputado Rodrigo Garcia (DEM, ex-PFL), é um pouco mais antiga. Tal como Vaz, Garcia também esteve no palanque do Mané em 2004. Mas o tempo passou... e, no ano passado, Edinho apoiou a candidatura do pefelista em Rio Preto de modo nem tão velado assim.
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A trinca Edinho-Vaz-Rodrigo aposta na inérica do PMDB para abduzi-lo e assim garantir vitória no 1° turno, seja lá quais forem os adversários. Garcia seria o candidato. Não à toa, percebendo a jogada, o vereador licenciado e atual secretário de Esportes, Alcides Zanirato, deixou o PMDB.
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Se a aliança fracassar - algo pouco provável -, Edinho deverá então atrapalhar a vida de todos, sejam aliados ou opositores, e estimular o maior número possível de candidaturas. O objetivo final é fazer com que o eleito, após tantas fraturas, tenha dificuldades para governar.
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Portanto, se Garcia for o candidato de Edinho, a tendência de uma eleição polarizada é bem maior. Inversamente, se nada der certo, o prefeito atuará em favor da dispersão das candidaturas.
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E a oposição?
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Bem... o correto seria dizer "oposições", tal o nível de dispersão.
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Na verdade, durante os dois mandatos, Edinho não enfrentou uma oposição propriamente dita, isto é, organizada e de atuação conjunta. Ao contrario, o que se viu foram ações isoladas e vitórias pontuais das oposições, colecionadas com muita luta, diga-se.
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Ao que parece, a presença de Mané no encontro dos petistas tentava mudar esse quadro.
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De fato, a unidade das oposições aparece como a única possibilidade de se vencer as pretensões de Edinho, com ou sem Vaz e Garcia. E Mané parece mesmo querer o apoio dos petistas.
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Agora, resta saber se as oposições - que, óbvio, não estão restritas à dobradinha PT-PSB - serão capazes de construir uma unidade sólida e programática faltando um ano para o registro das candidaturas.
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A conferir.
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Em tempo - Como perguntar não ofende, aqui vai: Mané, de novo? E outra: quando as oposições criarão um fórum pluripartidário e multisetorial para a elaboração de um programa alternativo para a cidade?
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Foto: Manoel Antunes, Marco Rillo e Arlindo Chinaglia (Guilherme Baffi/Diarioweb)