"REAVALIAR", "RETESTAR", "RECONTAR"...
A epidemia de dengue em Rio Preto chegou a um ponto tal que é impossível saber com clareza qual a "real" situação da doença na cidade.
Na semana passada, 26 dias após o último levantamento, a secretaria de Saúde divulgou os "novos" números da dengue em Rio Preto. Parece absurdo, mas os "novos" dados fornecidos pelo órgão municipal registram uma considerável "diminuição" no número de casos confirmados por exames latoratoriais.
"Na atualização anterior, divulgada no dia 25 de maio, os dados eram de que 2.167 casos tinham sido confirmados laboratorialmente e outros 6.458 através de análises clínicas". No entanto, os "novos" números informados "pela assessoria da Secretaria de Saúde indicavam 1.561 confirmados laboratorialmente e 6.771 por critérios clínico-epidemiológicos", diz o Diário da última quinta (21/6).
Na prática, a secretaria operou uma redução de 606 casos confirmados por exames laboratoriais.
Eis a primeira contradição: os casos confirmados via exame são tidos como certos, ao contrário daqueles confirmados apenas pelo diagnóstico clínico. Logo, não há como "reavaliar" para baixo o número de exames confirmados. O laboratório confirmou, está confirmado!
Não no governo de Edinho Araújo (PPS).
Através de sua assessoria de imprensa, a secretaria de Saúde, comandada por Arnaldo Almendros, admitiu o erro à moda do alcaíde.
Segundo o Diário, houve "uma falha na contabilização dos dados da dengue". Nas palavras da secretaria, porém, "houve uma diferença nos dados que haviam passado para divulgação em relação à semana anterior e tiveram de tabular novamente". Com a ressalva: "os dados não chegaram a ser passados incorretamente para o Estado".
Detalhe: acompanhando pelo jornal, tem-se a impressão de que a "falha" ou a "diferença" foi admitida. Está bem. Mas quais são então os números corretos? Não se sabe.
Na sexta-feira (22/6), dois dias após "diminuir" o número de registros, a Vigilância Epidemiológica confirmou enfim a situação "real" da dengue em Rio Preto. Diz novamente o Diário: "Ao todo, 8.390 pessoas já tiveram a doença neste ano. Desse total, 1.584 casos foram confirmados laboratorialmente e o restante, 6.806, por critérios clínicos".
E o número de casos confirmados por exames laboratoriais (1.584) conitnuou abaixo daquele divulgado há um mês (2.167). A diferença exata é de 583 casos...
A propósito, o órgão vinculado à secretaria municipal de Saúde "está retestando 400 exames de uma amostra de maio". Ou seja, o número de casos confirmados pela Vigilância ainda pode mudar, evidentemente, para baixo...
Pois bem, envolvido em tamanha confusão, o secretário de Saúde tratou de minimizar a sucessão de equívocos e cunhou: "As ações da Saúde não são pautadas por números e sim pela necessidade combate à doença numa situação de epidemia".
Ora, não é o que se vê.
Ao contrário do contrário do que diz Almendros, a secretaria de Saúde tem se destacado exatamente por "revaliar", "retestar", "recontar" os números da dengue na cidade, diga-se, com uma persistência raramente vista.
Eis a segunda contradição: uma vez mais no governo Edinho, se diz uma coisa e se faz outra.
Mas será isso uma contradição? Ou será uma prática deliberada?
Parece mesmo que esta é a receita do "sucesso" (na visão de Edinho e seus subordinados, é claro!).
Em tempo: É CAMPEÃ! - Para o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), órgão estadual, Rio Preto "é a cidade do Estado com maior número de casos autóctones", "com 7.939 casos" registrados, conforme o Diário. Aí está um bom slogan, com tino empreendedor: "Rio Preto - Capital Estadual da Dengue". Ou será "Nacional"? E outro, complementando aquele "antigo" adesivinho do Zani: "Visite Rio Preto, ganhe uma multa e uma picada do aedes". Que beleza! É CAMPEÃ!