0
O relatório apresentado na segunda-feira pela TeleBrasil, recebido com notório alívio pelo presidente da Cãmara Municipal, Adney Secches (PR), foi anunciado aos quatro cantos como prova cabal da inexistência de "grampo" nas instalações telefônicas da Casa.
Contudo, é forçoso reconhecer os limites do diganóstico da empresa prestadora de serviços telefônicos da Câmara, essencialmente, por dois motivos.
Primeiro porque seria realmente estranho que a empresa detecasse alguma falha em seu próprio serviço de manutenção.
Isto é, contratada para responder pelos serviços de telefonia, a empresa se vê obrigada - até por determinação contratual - a realizar inspeções periódicas e sistemáticas na rede. Assim, se fosse confirmada a existência de "grampo" nas instalações da Cãmara, a credibilidade da TeleBrasil certamente não seria mais a mesma.
Portanto, não é nenhum absurdo imaginar que, confirmado o "grampo", o contrato com a empresa teria seus dias contados. E claro que a TeleBrasil não quer isso.
Segundo porque existem vários tipos de "grampo".
De acordo com técnicos e especialistas em telefonia, é possível fazer uma ligação clandestina sem interferir na rede telefônica do prédio, bastando conectar um ramal a outro, por exemplo. Inclusive, dizem que, considerando a proximidade entre os prédios da Cãmara e da Prefeitura, esta hipótese ganha força.
No mesmo sentido, o detetive perito em escutas ouvido pelo Diário (só para assinantes) afirmou que houve "grampo".
Ou seja, basta perguntar a opinião de qualquer profissional sério da área de telefonia para ouvir o seguinte: "houve sim 'grampo', o difícil é provar".
Por essas e por outras é bom ficar alerta.
Afinal, na "devassa" recentemente prometida pelo alcaíde também deverá constar o selo - para alguns imperceptível - de "produto oficial"; tal qual o relatório da TeleBrasil.
Foto: Equipamentos de escuta do detetive: para ele, houve sim grampo - Edvaldo Santos/Diarioweb