MOVIDOS PELA "EMOÇÃO"
No último sábado, o PCdoB de Rio Preto protagonizou uma cena no mínimo curiosa.
Os comunistas do Brasil da cidade estiveram reunidos com o secretário estadual de organização do partido, Gilmar Tadeu Ribeiro Alves, no auditório da Câmara Municipal. Lá, Alves destituiu a direção do PCdoB em Rio Preto "e nomeou uma comissão provisória composta por sete integrantes", conforme o Diário de ontem.
A atitude da direção estadual beneficiou diretamente o vereador do partido, Maurin Alves Ribeiro, então investigado pela antiga direção municipal do PCdoB por suposto desvio de R$ 12 mil na campanha de 2006 e apresentação de "documentos fraudulentos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)".
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o caso.
Escrita de "próprio punho", a acusção partiu do ex-assessor do vereador, Ademilson José dos Santos, que, de acordo com o Bom Dia de ontem, admitiu ter sido "movido pela 'emoção'".
Segundo a lógica do dirigente estadual, "não é assim que se faz denúncia. Além disso, precisariam ter provas anexadas. O ônus da prova cabe ao denunciante e não ao denunciado", teria dito Alves ao Diário.
Mas foi no Bom Dia onde Alves deixou escapar as bases da intervenção: "Ter um vereador como Maurin é uma inserção do partido na cidade".
Para tanto, Alves impediu que Maurin fosse expulso, como queria a antiga direção municipal. E indicou uma comissão provisória, que incluí "Sérgio Parada, que nem é filiado ao partido".
Encurralada, a ex-presidente do PCdoB de Rio Preto, Andréia Militão, anunciou sua desfiliação e declarou o seguinte ao Diário: "Querem desviar o foco (da investigação). Recebemos denúncias graves e que merecem ser investigadas. Não consigo me ver neste partido. Não aceito ficar ao lado de pessoas como o Sérgio Parada".
Estranho.
Maurin foi eleito em 2004 pelo PHS. Aliado de Edinho Araújo (PPS), o PCdoB municipal, presidido por Militão, apressou-se em "abrigar" o novo vereador.
Desde então, da noite para o dia, Maurin passou a ser apresentado como a mais nova liderança comunista da cidade, inclusive por Militão. Aliás, já faz tempo que um cartaz afixado na porta de seu gabinete na Câmara define bem a formação marxista-leninista-maoísta de Maurin.
No Natal de 2005, o comunista Maurin apareceu de helicóptero, com o Papai Noel e tudo, distribuindo "alegria" para as crianças da zona norte. Uma festa!
Até então, tudo normal para os comunistas do Brasil de Rio Preto. Como também era normal a postura omissa do vereador diante de votações importantes para a maioria da população (Guarda Municipal, Circular Santa Luzia, etc).
Agora, Militão dispara contra a liderança comunista e, pior, contra Sérgio Parada.
Primeiro, foi ela quem levou Maurin para o PCdoB. Depois, salvo engano, Parada é aliado de Edinho desde sempre. E até ontem, o convívio com ele não parecia tão insuportável para Militão. O que a teria feito mudar subtamente de opinião?
Será que o anúncio de sua desfiliação e sua disposição em contribuir com as investigações policiais contra Maurin podem ser levados à sério? Ou será que também Militão terá sido "movida pela 'emoção'"?
Seja como for, vai longe o tempo em que o PCdoB era comunista...
Alguém duvida?