A SEMANA DE EDINHO
Na época da ditadura militar (1964-1985) tinha um programa, ou melhor, um informativo semanal chamado "A Semana do Presidente". Todo domingo estava lá, na TV, a imagem de algum general, bandeirinhas, autoridades, banda, etc e tal.
Claro, "A Semana do Presidente" não passava de um folhetim eletrônico descritivo e meramente bajulador.
Pois bem, 22 anos após o encerramento "oficial" da ditadura no Brasil, em plena vigência do regime democrático de direito (e de fato), aqui vai a versão contemporânea do informativo, devidamente adequado à municipalidade:
"A Semana de Edinho"
A semana do prefeito Edinho Araújo (PPS) não foi das melhores...
Logo na segunda-feira, Edinho se viu obrigado a reconhecer oficialmente mais uma epidemia de dengue na cidade. E não adiantou a revisão da secretaria municipal de Saúde, que contestou e rediziu em mais de 200 o número divulgado pela secretaria estadual (1.507).
Mesmo com os 1.247 casos confirmados e admitidos pela Prefeitura, Edinho teve de suspender os exames e adimitir o que já se sabia: outra epidemia de dengue em Rio Preto.
Na terça, pane no "rolo compressor" de Edinho na Câmara. Com o voto de minerva (desempate) do presidente da Casa, vereador Adney Secches (PR), da base governista, foi aprovado projeto probindo que os motorístas dos ônibus também exerçam a função do cobrador, este recém substituído pela catraca eletrônica.
De autoria do vereador João Paulo Rillo (PT), o projeto seguiu para sanção ou veto do prefeito Edinho Araújo, que agora tem um abacaxi nas mãos.
Se vetar, Edinho tomará um medida antipopular, contrária a quem tem procurado vender a imagem de bom moço, inclusive, através de comerciais na TV e outras pirotecnias. Além disso, o veto explicitará a convergência entre os interesses de Edinho e os da Circular Santa Luzia, tendo o alcaíde optado pela concessionária em detrimento dos trabalhadores e da população.
Se sancionar, Edinho assinará um atestado de incompetência. Afinal foi o próprio prefeito quem sancionou a lei permitindo a instalação de catracas eletrônicas nos ônibus da Circular, detentora de quase 90% das linhas da cidade. Do mesmo modo, com a sanção, o prefeito dará carta branca ao legislativo municipal, como se respeitasse sua autonomia. O problema é que Ediinho não pensa nem age assim.
Na quarta, com uma declaração infeliz, porém muito "útil", Edinho deflagrou de vez a crise na base aliada. Aos repórteres, o prefeito teria dito: "Vereador da base precisa saber ser da base. Ser da base e fazer oposição não é atitude política", disse Edinho numa crítica velada ao vereador Jair Afonso (PMDB).
Da base governista, Afonso apresentou projeto de lei proibindo da Guarda Municipal de aplicar multas de trânsito. Como se sabe, a arrecadação com as multas tem sido a "mina de ouro" de Edinho.
E o prefeito disse mais: "É incoerente ver vereador da base fazendo oposição ou bancando o inocente útil da oposição". E mais: "Ele [Afonso] que assuma posição, seja opositor e renuncie às facilidades que tem no governo".
"Facilidades"? Ops... "Vou saber reconhecer o que ele tem no governo", tentou corrigir Edinho. Mas já era tarde...
Ontem veio o troco: "Ele foi incoerente e irresponsável. Se o Jair [Afonso] tem facilidades quero saber quais são", disse o governista Jorge Menezes (DEM, ex-PFL) ao Bom Dia. E completou, ao Diário: "Falta diálogo. Não vou escutar conversa dele. Eu sou vereador e ele é prefeito. Se não tiver contente...".
Pobre Edinho.
O pior - ou melhor - é que a semana ainda nem acabou...