ORA, FRANCAMENTE!


No último domingo (25), a Prefeitura fez com que parte da cidade relembrasse um velho hábito, supostamente superado.

Não, caro leitor. Não se tratava de nenhuma inciativa de caráter histórico, estimulada pelo poder público local, mas tão somente do costumeiro descaso do governo Edinho Araújo (PPS) com a população de Rio Preto.

Desta vez sobrou para os riopretenses que, na bela manhã dominical, tentaram exercer o legítimo - e sagrado - direito de ir e vir. Quem precisou cruzar a cidade, inesperadamente se deparou com ruas e avenidas interditadas.

O motivo: Corrida Histórica (sic) TV TEM ("Histórica" porque, durante o percurso, os atletas passam por "monumentos" históricos da cidade: Swift, Palácio das Águas, Fórum... Só por isso).


Nada contra a prova atlética realizada em comemoração ao aniversário de Rio Preto. Contudo, é inadimissível um único evento paralisar a cidade, seja ele qual for.

A Prefeitura tem a obrigação de garantir à todos - isto é, aos cidadãos participantes e não participantes do evento - a mais absoluta nornalidade, a tal "ordem pública".

No caso da Corrida "Histórica", a responsabilidade da Prefeitura é redobrada. Primeiro, porque a prova é extensa e percorre vias centrais de Rio Preto. Depois, porque a própria realizadora da corrida (TV TEM) reservou à Prefeitura o status de único "Apoio" do evento.

Logo, o estabelecimento de rotas alternativas devidamente sinalizadas cabia exclusivamente à Prefeitura e sua secretaria de Trânsito. Até mesmo a Guarda Municipal poderia ajudar, claro, desde que esquecesse as canetas e os blocos de multas na sede da coorporação.

Mas ação do governo Edinho, vista no dia da prova, se limitou a reproduzir aquele gesto autoritário, irresponsável e recorrente das administrações municipais de simplesmente interditar ruas e avenidas, sem oferecer maiores orientações e explicações à população.

Um absurdo!

E assim, como na Iboruna da virada do 19 para o 20, restou ao riopretense do século 21 se valer da experiência legada pelos fundadores.

Cravada entre os córregos dos Macacos e Borá e os rios Preto e Canela, a comunicação entre as regiões de Rio Preto era feita através de pequenas pontes e várias pingüelas:

"Nesse tempo [início da década de 1920], ainda não existia ponte para atravessar o Canela [atual avenida Alberto Andaló], nas Ruas Tiradentes e Jorge Tibiriçá, abaixo da Rua Antônio de Godói. As carroças de burro e carros de boi atravessavam o alagado, quando os animais aproveitavam para beber água, também. Os pedestres atravessavam por uma pequena pinguela de madeira, ao lado da estrada" (Osvaldo Tonello. Memórias - São José do Rio Preto. 2006, p. 41-42).

Em função da Estrada de Ferro Araraquarense (1912), um dos primeiros aterros para a passagem sobre o Canela se deu na rua Pedro Amaral.

Aliás, a rua "já tinha essa denominação em 1894, quando o Município foi criado", com Pedro Amaral ainda vivo. Comerciante, Amaral foi o 1° presidente da Câmara Municipal (1894-1901) e "o principal chefe político da cidade entre 1885 e 1900" (Lelé Arantes. Dicionário Rio-pretense. 2ª ed, 2002, p. 274).

Diante do descaso do governo Edinho e com a prova de atletismo da TV TEM já em curso, coube ao católico do Parque Celeste e assíduo frequentador das missas na Catedral de São José (Centro), ou alterar sua rota orginal e passar pela Pedro Amaral, ou simplesmente desistir de cruzar o Canela e ir rezar em casa...


Desse jeito, até parece que Edinho queria todo mundo na Corrida da TV TEM.

"Trabalhando pela cidade"?

Ora, francamente!

Em tempo - Parabéns aos participantes da Corrida, que nada têm com isso.